A carta de caminha
É possível verificar a expressa preocupação de descrever gestos, corpos e hábitos de alimentação e abrigo dos nativos. Há o desafio de contar como o local foi encontrado e como vivem as pessoas que ali habitam. Trata-se, portanto de um documento com valor histórico, pela descrição de hábitos, e literário, pelo apuro formal e estilístico.
O documento original, intitulado oficialmente Carta a el-rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil, guardado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal, é constituído por sete folhas de papel manuscritas, cada uma em quatro páginas, num total de 27 páginas de texto e mais uma de endereço.
Primeiro texto escrito no Brasil, foi feito em Porto Seguro, com data de 1 de maio de 1500, e foi levado a Lisboa por Gaspar de Lemos, comandante do navio de mantimentos da frota. O curioso é que só foi descoberto, em 1773, no Arquivo Nacional português, por José Seabra da Silva.
A informação foi publicada, pela primeira vez, no Brasil, pelo padre Manuel Aires de Casal na sua Corografia Brasílica (1817). A consagração do documento ocorreu em 2005, quando ele foi inscrito no Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência, e a Cultura (UNESCO).
Entre os principais momentos da carta está o relato do primeiro contato dos portugueses com os índios e a prática inicial do escambo, ou seja, a troca de uma mercadoria por outra num inaugural contato comercial. A presença da árvore batizada de pau-brasil e a Primeira Missa também são comentadas.
O texto é um importante exercício de conhecimento do outro e daquilo que é diferente. Afinal, os