Carta ao papa
Há muitos, Beatíssimo Padre, os quais medindo com seu fraco julgamento as coisas grandíssimas que se escrevem dos Romanos, sobre suas façanhas militares e sobre a cidade de Roma no que diz respeito às suas admiráveis construções, riquezas, ornamentos, e grandezas dos edifícios, acham que as mesmas sejam mais contos de fantasia do que verdade. Mas comigo costuma acontecer o contrario; pois, julgando a partir dos vestígios que ainda vemos das ruinas de Roma as divindades daquelas almas antigas opinam não ser além de a razão acreditar que muitas coisas que parecem impossíveis para nós, para os antigos Romanos eram facílimas.
Se cada um de nós deve respeito aos pais e à pátria, sinto-me obrigado expor todas as minhas pequenas forças, para que continue vivo, o mais possível, um pouco da imagem, e quase a sombra desta cidade que, na verdade, é a pátria universal de todos os cristãos, e por um tempo foi tão nobre e poderosa, que as pessoas já começavam acreditar que ela só fosse superior ao destino e, contra o viés natural, fosse isenta da morte e destinada a durar eternamente.
O Arco que estava na entrada das termas de Diocleciano, uma parte do foro transitório que faz poucos dias foi queimada e destruída, e os mármores se tornaram cal; arruinada a maior parte da Basílica do Foro, além disso, tantas colunas quebradas e cortadas no meio, tantos arquitraves, tantos belos frisos despedaçados, que foi mesmo uma infâmia tolerar nestes tempos, e que se poderia dizer de verdade que até Anibal além de outros, tornariam piedoso.
Os edifícios modernos e de nosso tempo são muito conhecidos, seja por serem novos, seja também por não alcançarem ainda em tudo a excelência nem aqueles imensos gastos que antigos vemos e admiramos. Contudo que aos nossos dias a arquitetura tenha se despertado muito e chegado muito próximo a maneira dos antigos, como se vê nas belas obras de Bramante, entretanto, os ornamentos não são de materiais tão valiosos como os antigos que, com