Carta Aberta
Brasília-DF, 12 de setembro de 2013.
Em 2007, houve um grande desabamento em uma obra do Metrô de São Paulo. Francisco Sabino, de 46 anos, conhecido como Barnabé, morreu ao tentar recuperar documentos deixados no interior do caminhão que dirigia.
Na sua opinião o que poderia ter motivado a preocupação de Barnabé em querer salvar seus documentos? Essa é uma pergunta que somente o Barnabé poderia responder. Quanto a nós, só nos resta conjecturas. Pode ser que o seu intento fosse o de resgatar não apenas os documentos, mas talvez algum valor, como o seu salário, o sustento da sua família, o pagamento do aluguel, das dívidas, entre outros. Por que as pessoas, às vezes, arriscam-se a perder a vida para salvar papéis? Muitas pessoas norteiam suas vidas apoiadas nos mais diversos valores, entre eles o fato de existirem como criatura de bem, que consiste em ter o nome limpo e poder andar de cabeça erguida, estabelecendo, para tanto, padrões de comportamento imutáveis, como estar sempre munido dos seus documentos, sem os quais se veem despidos, sendo capazes de arriscar a própria vida para mantê-los, mesmo sabendo que lhes é garantido o direito à obtenção da segunda via.
Esse comportamento é facilmente encontrado nas pessoas com pouco ou quase nenhum grau de instrução, que exercem profissões cuja remuneração é baixa e estão sempre mudando de emprego, não se dando conta de que o porte de alguns documentos não é obrigatório e, restam por atribuir-lhes valores muitas das vezes superiores à vida, pois acreditam que somente eles têm o poder de comprovar inequívoca e irrefutavelmente a sua identidade, bem como, proporcionar-lhes meios de sobrevivência, como por exemplo, assumir um emprego.
O que é mais Importante: manter-se vivo ou salvar documentos, mesmo que sejam importantes? Sem sombra de dúvidas, o mais importante acima de tudo é manter-se vivo, pois documentos,