Carlos Drummond de Andrade
Stefania Sforza Palavra de Mestre – Cap 26
Carlos Drummond de Andrade, como reconhece Davi Arrigucci Jr, é um poeta que aborda temas cotidianos, revelando-nos mais sobre nós mesmos e nossa complicada existência. Carlos Drummond de Andrade traz a “poesia misturada do cotidiano”, refletindo sobre o sentido de estar no mundo.
Exposto ao horror de duas grandes guerras, o ser humano vive tempos sombrios no século XX. Os mercados financeiros de todo o mundo foram abalados pelo crash da bolsa em 1929, fazendo despencar o preço do café brasileiro. Movimentos revolucionários intercorriam e uma nova Constituição fora promulgada, seguida de um novo decreto, que instaurou um poder autoritário e centralizado no Brasil em 1937, uma ditadura. Como se ainda não suficiente, em 1941 ocorre a grande Segunda Guerra Mundial, deixando como legado mais do que ruínas de cidades arrasadas por bombardeios. Ela obriga a sociedade a enfrentar a barbárie humana e reconhecer que o preconceito e o desejo desmedido de poder podem levar à perda de milhões de vidas. Confrontando questões como essas, a literatura precisa encontrar novos caminhos, abandonando a leveza que a marcava até então. Nesse contexto, Drummond promove a reflexão a respeito da perversidade de que o ser humano é capaz.
Passada a agitação inicial, o Modernismo brasileiro atinge, por volta de 1930, sua fase áurea. Na poesia, a releitura do passado histórico do Brasil é superada e os autores passam a se dedicar à reflexão sobre o mundo contemporâneo. A segunda geração modernista é definida basicamente pela reflexão sobre o sentido de estar no mundo, associada a uma grande preocupação com a renovação da linguagem da primeira geração modernista e uma produção com forte dimensão social.
A poesia de Drummond envolve temas que falam sempre da dificuldade de o indivíduo “estar no mundo”, persegue questões fundamentais como “o que significa fazer parte da humanidade?”, “como combater as