casar
Morar junto é saber dividir. Saber cobrar. Saber ceder. Saber doar. Morar junto é dividir as contas e as almas.
Morar junto é ter uma pilha de louça pra lavar depois de um dia terrível de trabalho e o outro fazer um karaokê com o detergente para que o trabalho se torne divertido. Morar junto é ter que assistir Homem Aranha no Telecine Action, e se esforçar para achar legal.
Morar junto é tomar banho junto, transformar o chuveiro em uma cachoeira.
Morar junto é ouvir onde dói no outro. Do que ele sente medo. Onde ele é criança. O que o deixa frágil.
Morar junto é poder desabafar, chorar. É ser ouvido, cuidar, ser cuidado, mas é também rir e achar graça em alguma coisa, quando o outro está pra baixo.
Morar junto é fazer contabilidade de frustrações, e saber quando não colocar na conta do outro. Morar junto é demorar a levantar, ou ficar agarradinhos na cama num dia chuvoso.
Morar junto não precisa de uma casa, e sim de um espaço.
Quem mora junto geralmente é solidário. Casar não. Qualquer um casa. Pra casar basta assinatura e champanhe. Casar leva umas horas.
Morar junto leva tempo. O tempo todo.
Quando moramos juntos vemos o cabelo dele crescer e ela cortar uma franja.
Quando moramos juntos viramos adultos aos pouquinhos, dando um adeus doído ao adolescente que éramos.
Quando moramos junto mudamos junto. E o outro vira um outro diferente com os anos. E nós vamos aprendendo a amar aquela nova pessoa, todo dia. Até o dia que, talvez, deixemos de