Capítulo IV de O Príncipe de Maquiavel
O capítulo explica que os principados podem ser governados de duas formas: por um príncipe e seus ministros, que o ajudam a administrar o país; e por um príncipe e vários barões, cuja posição se explica por hereditariedade. Maquiavel aponta qual dos dois tipos de principado é mais fácil de conquistar, e qual é mais fácil de manter. Ele sustenta sua tese dando exemplos dos principados da Turquia e da França.
1. SOBRE O PRÍNCIPE Escrito em 1513, O Príncipe é uma coletânea de pensamentos de Maquiavel, os quais ele considera importante para um príncipe. Sempre buscando lições da história para confirmar seu ponto de vista, ele elabora vários temas, servindo como um verdadeiro “manual’’ para os poderosos, consolida táticas para conquistar, administrar e manter um Estado. Entretanto, não se deve confundir O príncipe com um livro histórico. Ainda que Maquiavel chame tal obra de “tratado” (1994, p. 195), para Strauss (1958, p. 55, tradução nossa) trata-se de um livro científico, pois “[...] transmite um ensinamento geral que é baseado em um raciocínio oriundo da experiência [...]”.
Ele ainda afirma: “De acordo com o fato de que O príncipe é um livro científico e não histórico, apenas três títulos dos vinte e seis capítulos contém nomes próprios.” (STRAUSS, 1958, p. 55, tradução nossa). Burnham (1943, p. 40) compartilha da mesma opinião, afirmando que o método de Maquiavel é o da ciência aplicada para a política.
2. SOBRE O CAPÍTULO IV
2.1 FORMAS DE PRINCIPADO
2.1.1 Modelo de principado francês Sabe-se que na época em que O Príncipe foi escrito, em 1513, a forma de governo vigente na Europa era descentralizada e fragmentada. Na França, por exemplo, havia a figura de um príncipe na administração e, separado dele, uma nobreza que estava ligada aos seus feudos por um vínculo de sangue. Maquiavel explica: “O rei da França é cercado por um grande número de estirpe antiga, nobres reconhecidos como tais pelos próprios súditos, e que são estimados