Capitães da Areia
A história por trás do conto
Escrito durante a primeira fase da carreira de Jorge Amado, o romance “Capitães da Areia” é um dos mais polêmicos livros do escritor. Considerado subversivo, logo após o seu lançamento, em 1937, foram queimados cerca de 810 exemplares da primeira edição, com a desculpa do livro ser uma forma de expandir o comunismo; mas o real motivo foi a ousadia de Jorge Amado, que de uma forma muito discreta, denunciou a vida dos meninos de rua, os maus tratos sofridos nos reformatórios, a prostituição e a questão da religião.
Porém, no ano de 1944 uma nova edição do livro foi lançada, alcançando o recorde de 4 milhões de exemplares vendidos.
Questões sociais
Neste livro, e nota-se grandes preocupações sociais. As autoridades e o clero são sempre retratados como opressores (com exceção de Padre José Pedro), cruéis e responsáveis pelos males. Até a imprensa, posiciona-se mais para acusar, julgar os meninos, do que para defendê-los.
Outra questão apontada pelo autor é o lado infantil dos capitães. Abandonados, eles eram extramente carentes e foram obrigados a amadurecer muito cedo. Havia sempre brigas, revoltas, roubos, estupros..., mas eles eram crianças, e como tal tinham seus momentos de brincadeira, como no capítulo “As Luzes do Carrossel”, principalmente para Volta Seca e Sem Pernas, personagens altamente amargos e revoltados.
Outro aspecto também importante é a figura de Dora na vida dos capitães da areia, a menina mulher que aparece “do nada” e passa a representar a mãe, irmã, amiga e a noiva, esposa do Pedro Bala.
Por estes e tantos outros motivos, Capitães da Areia pode ser considerado o romance mais influente de Jorge Amado que encantou várias gerações de leitores.