Capitalismo natural
O final do século 20 trouxe duas grandes mudanças intelectuais. A mais óbvia foi a derrocada do comunismo e a aparente vitória do capitalismo de mercado. A menos óbvia, mas muito mais importante, foi o começo do fim de nossa guerra contra a Terra e o surgimento de um novo modo de fazer negócios. Trata-se de uma tentativa de conferir o devido valor à natureza e às pessoas - e atingir, assim, lucros extraordinários e vantagens competitivas. Chamamos esse novo jeito de fazer negócios de "capitalismo natural". Ele aplica os sólidos princípios capitalistas não somente ao capital financeiro e manufatureiro mas também a duas formas ainda mais importantes de capital - natureza e gente -, sem as quais não há vida nem, portanto, atividade econômica.
O capitalismo industrial é uma aberração temporária, não por ser capitalismo, mas porque desafia sua própria lógica ao destruir sua maior fonte de capital. Essa fonte é o capital natural, que fornece "serviços de ecossistemas", como ciclos de alimentação, estabilidade climática, composição atmosférica e produtividade biológica.
Os substitutos conhecidos para alguns entre as dúzias de serviços de ecossistemas são geralmente pouco práticos - a polinização manual seria tediosa num mundo sem abelhas. O domo Biosfera II, de 200 milhões de dólares, construído no deserto do Arizona, nos Estados Unidos, demonstrou os limites da capacidade humana de substituir as funções dos ecossistemas naturais: ele não conseguiu fornecer ar, água e alimentos adequados e saudáveis para oito pessoas. A biosfera I, que é o nosso planeta, faz muito mais do que isso diariamente, e de graça, para 6 bilhões de pessoas.
Os princípios contábeis não permitem que as empresas liquidem ativos não registrados e classifiquem os lucros