Canto Coral
Suely Mesquita Pesquisa ou inconseqüência?
O que é pesquisa? Sejamos realistas: todos os saberes que existem hoje em dia, poderosos, sistematizados, representantes da "verdade" e da autoridade, devem-se à audácia, iniciativa e infinitos erros dos pesquisadores e autodidatas. Isso se verifica na história da medicina, da física, da antropologia e das demais ciências e também na história da arte, tanto em relação aos processos criativos como aos procedimentos técnicos. Quanto aos processos criativos, os métodos de pesquisa artísticos são diferentes dos científicos pois, enquanto a ciência se preocupa em estabelecer verdades da maneira mais inquestionável possível, a arte admite melhor a pluralidade, a controvérsia, já que a verdade estética não precisa e não deve ser inquestionável. No entanto, existem métodos de pesquisa em arte. Tais métodos existem porque também na arte existem perigos: o perigo de que o artista se disperse e não chegue a conclusão nenhuma, a nenhuma produção; o perigo de chegar a conclusões fantasiosas, irrealizáveis no plano físico e/ou no contexto histórico, cultural e sócio-econômico; e, sobretudo, o perigo físico que certos experimentos podem acarretar, cujos danos se evidenciam às vezes a tão longo prazo que só são detectados quando já irreversíveis. Assim como há cientistas que morreram de câncer, causado por anos em contato experimental com substâncias radioativas pouco conhecidas, pintores apresentaram sérios problemas pulmonares em decorrência da inalação de substâncias tóxicas contidas em uma nova cor; bailarinos tiveram problemas ósseos em função de pesquisas de movimento; e cantores prejudicaram para sempre suas vozes, também por engano ou ignorância. Não vamos menosprezar os fatos: PESQUISAR É PERIGOSO. VIVER É PERIGOSO. No que tange a aspectos técnicos, é frequente a associação entre artistas, cientistas e outros estudiosos para a pesquisa. No caso