Reportagem sobre câncer Na primeira vez que VEJA publicou uma reportagem de capa sobre o câncer, em 1973, a doença já atingia um nível de incidência preocupante para o período. Eram cerca de 200.000 casos por ano. Um ano antes, o ministro da Saúde, Mário Machado de Lemos, anunciou o Plano Nacional de Combate ao Câncer. A eficácia do plano foi prejudicada pela falta de recursos e pelo baixo nível educacional do país. O tratamento era realizado basicamente pela cirurgia ou radioterapia e o câncer no colo do útero era o tipo mais comum. O câncer era considerado uma doença provocada principalmente pelo ambiente. Radiação, fumo, arsênico, benzina e carvão faziam parte dos elementos nocivos, bem como o bronzeamento e a ingestão de carnes e gorduras em geral. Avanços no tratamento quimioterápico trouxeram esperança de cura no começo da década de 1980, embora esse tipo de tratamento seja associado ao sofrimento vivido pelos doentes devido aos efeitos colaterais da medicação. Em 1985, o cientista americano Steven Rosenberg apresentou ao mundo a interleucina-2, uma proteína produzida pelo próprio organismo e capaz de protegê-lo contra as infecções e os tumores. A droga mostrava resultados promissores contra a doença. Já nos anos 1990, surgiram novas melhorias principalmente na qualidade de vida dos doentes de câncer. No topo do ranking dos cânceres que mais matavam naquele tempo estavam os tumores de pulmão (associados ao consumo de cigarro) e de estômago. A prevenção passa a ser mais discutida e a ciência investe na fabricação de drogas que interrompam a angiogênese, fase em que o tumor produz seus próprios vasos sanguíneos para poder crescer. Também entra em pauta o câncer de próstata, antes cercado de medo e constrangimento, agora tratado mais abertamente pela sociedade. No caso das mulheres, o câncer de mama é o grande vilão. Um grande aliado delas é o exame baseado na ressonância magnética, que pode detectar um tumor na mama quando ele ainda tem o tamanho de um