Camões
Breve análise de uma sextina de Luís Vaz de Camões
Discentes: Marcio Felipe e Rosimery Tasayco.
Docente: Miriam Lesbão.
Disciplina: Literatura Portuguesa.
Cuiabá - MT
Quanto tempo ter posso amor de vida
Quanto tempo ter posso amor de vida sem ver aquela luz alegre e bela daqueles graciosos lindos olhos?
Se há-de ser muito, venha a morte, e para sempre aparte deste corpo a triste namorada, infelice alma.
Quando fizeste os olhos seus desta alma a luz, a guia, a glória, a fama, a vida, ordenaste que não vivesse o corpo não vendo a vista amada linda e bela.
Pois como já me tarda tanto a morte, se tanto há que não vejo os olhos belos?
Claros raios do sol, formosos olhos, que as chaves ambas tendes da minha alma, se não vos hei-de ver, leve-me a morte, que morte é, sem vos ver, a própria vida.
E pois que não vos vendo a morte é bela, não tenha uma hora mais de vida o corpo.
Vai-se sustendo na esperança o corpo de tornar inda a ver-vos, doces olhos; que, se não fora esta esperança bela, a alma já o deixara e ele a alma.
Pois se vós dele e dela sois a vida, que podem sem vós ter mais do que morte?
Vários modos sofrendo está de morte entanto este mortal e triste corpo; e, se temo perder de todo a vida, é por temer perder-vos, lindos olhos.
Isto faz com que já de todo a alma não se parta a buscar vida mais bela.
Serena luz, formosa, clara e bela, que me dás juntamente vida e morte, e pintaste com teus raios nesta alma as raras perfeições do belo corpo!
'Té que te torne a ver, meus tristes olhos, não haverá em mim gosto da vida.
Morte sem vós é vida, e morte a vida; bela a tristeza nestes tristes olhos; a alma carga pesada ao mortal.
Análise da Sextina
O eu lírico inicia o poema perguntando-se quanto tempo ainda lhe seria dado sem a luz dos olhos da amada (os olhos para os quais vive e que se apoderaram de sua alma), pedindo que, se esse tempo for muito extenso,