Camões
1- Amor é um fogo que arde sem se ver,
2- É ferida que dói e não se sente,
3- É um contentamento descontente,
4- É dor que desatina sem doer.
5- É um não querer mais que bem querer,
6- É um andar solitário entre a gente,
7- É nunca contentar-se de contente,
8- É um cuidar que ganha em se perder.
9- É querer estar preso por vontade,
10- É servir a quem vence, o vencedor,
11- É um ter com quem nos mata lealdade.
12- Mas como causar pode seu favor
13- Nos corações humanos amizade
14- Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Este poema foi escrito por Luís Vaz de Camões que teve uma biografia tumultuada e apresenta alguns problemas insolúveis por falta de dados seguros quanto a data e cidade de seu nascimento, sendo a mais provável Lisboa por volta de 1525. Morre em 1580, em Lisboa.
Seus constantes envolvimentos amorosos causaram-lhe alguns problemas na corte de D. Manuel tendo sido um dos motivos de ter sido desterrado (expulso) além do fato de ter feito alusões indiscretas ao rei em sua comédia El Rei Seleuco (soberano que se casa com a noiva do filho).
Em 1547, parte para Ceuta (Marrocos), alistado como soldado do exercito português onde fica cego do olho direito.
Em 1550 retorna mas parte para boêmia envolvendo se em conflitos pelo que recebeu a alcunha Trinca-Fortes.
Em 1552 num dia de Corpus Christi, numa rixa com um funcionário do paço, Gonçalo Borges, feriu-o com um golpe de espada, tendo sido preso na cadeia do tronco. Como aventureiro refez toda a rota marítima que Vasco da Gama percorreu no seu caminho marítimo para as Índias que mais tarde se converterá na ação central de Os Lusíadas.
Esteve em Goa e em Macau e exerceu funções administrativas em importante cargo de Provedor Mor de Bens de Defuntos e Ausentes, que por causa de irregularidades, volta preso a Goa para justificar-se. Durante essa viagem naufraga as margens do rio Mekong, no Camboja e perde uma parte que estava quase completa