Caixas sobrevivem a crise
Muito se fala sobre crise da indústria fonográfica e extinção do CD, mas continua em movimento o mercado, bem mais restrito, de coleções de discos acondicionados em caixas luxuosas.
Na semana que passou, a gravadora EMI levou às lojas "Clara", com a obra completa da cantora Clara Nunes (1943-1983) agrupada em nove CDs. Nos próximos dias, a mesma EMI arranca do ineditismo a íntegra da obra em seu poder do renegado Wilson Simonal (1938-2000).
"O grande tesouro das gravadoras é o catálogo, ele ajuda a financiar artistas novos", justifica o gerente de marketing estratégico da EMI, Luiz Garcia. "Se temos hoje uma caixa de Clara Nunes, é porque um dia, no passado, foi investido um dinheiro forte nela."
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Se a pirataria não concorre com as caixas, por outro lado elas costumam ter vendagens modestas, longe dos milhões dos vorazes anos 90. Mas Moreira atesta sua viabilidade comercial: "Não existe nenhum caso em que tenhamos ficado no vermelho. É totalmente viável".
[...] "Mal comparando, o mercado de caixas é como o de carros de luxo. Pode-se parar de vender carrinhos populares, mas para o de luxo há sempre mercado", diz Moreira, citando com surpresa o dia em que viu na Fnac a mesma pessoa adquirindo uma caixa de Chico Buarque e outra de Gilberto Gil. "Nunca antes havia visto alguém comprar uma caixa", entrega-se.
Estratégias
A crise não deixa de afetar os departamentos ditos de marketing estratégico, que apostam em retorno mais institucional e de prestígio que financeiro. Pela EMI, Luiz Garcia descreve: "Já se foi o tempo em que o mercado consumia qualquer coisa, em que nem se fazia conta prévia para saber se um produto é rentável ou não".
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A BMG foi a primeira a difundir o hábito no Brasil, em 95, quando iniciou com Orlando Silva série de caixas luxuosas de CDs de estrelas da era do rádio. É dessa leva a segunda caixa mais vendida até hoje: a de Luiz Gonzaga, com 48 mil exemplares (a Legião Urbana é lider,