O livro Cabelo Bom. Cabelo Ruim da autora Rosangela Malachias mostra que na escola, é sempre presente a seguinte questão: “por que eu tenho que trabalhar a questão racial com os alunos da escola pública sendo que estou vendo é a pobreza”. A desigualdade racial no Brasil é tão grande que já se tornou natural entre os professores. Então, é preciso uma reeducação do olhar para que as pessoas percebam que, junto à desigualdade social e econômica, temos a desigualdade racial no Brasil. Isso em todos os setores da vida social, portanto, é estrutural. Não é à toa que estamos lutando por ações afirmativas. Os professores precisam, por exemplo, compreender e saber discutir com os seus alunos como as vagas distribuídas no mercado de trabalho para homens e brancos. Precisam também questionar se as políticas públicas que existem para a juventude atingem juventude negra da periferia. Devem ainda perguntar sobre a parcela da infância, do ponto de vista étnico-racial, que está mais subjugada ao trabalho infantil. Assim, poderemos contribuir para a desnaturalização das desigualdades. O professor pode fazer um trabalho eficiente e muito mais abrangente tomando a questão racial como eixo norteador e, a partir daí, ir ampliando e inserindo outras dimensões sociais, culturais, artísticas, históricas e políticas. Ele também poderá falar da real participação do negro em nossa sociedade como sujeito político, dar visibilidade à presença do negro em nossa sociedade e no continente africano como constituinte da ação e das lutas dos povos no mundo. A questão racial poderá ser o tema a desencadear uma discussão mais ampla, e não apenas uma ilustração ou mero exemplo. Quando surge uma situação de preconceito racial na escola, a intervenção que o professor geralmente faz é, por exemplo, dizer ao aluno: “Olha, você não tem que ficar chateado porque você não é isso que ele falou”. Sempre há a tentativa de criar um consenso, ao invés de lidar com o conflito. Não adianta tentar amenizar o peso de