BREVE COMENTÁRIO SOBRE ARQUITETURA NO BRASIL
Arquitetura moderna brasileira: rastros de uma personalidade plural
Ana Cláudia Castilho Barone
No livro de Hélio Herbst, a arquitetura moderna brasileira apresenta-se como uma heroína. Sua saga é a de quem precisa mostrar-se célebre para reivindicar algum reconhecimento... Ainda que, para tanto, deva abrir mão de traços marcantes de sua personalidade, a fim de configurar-se nos termos requeridos por sua consagração internacional. Pelos salões das bienais, pelas alas dos museus de arte e pelas páginas das publicações, ela vai conquistando sua notoriedade, não sem deixar registros daqueles mal traçados rastros para o bom observador historiografar, no ocaso, como quem almeja uma integridade.
É nessa fissura extremamente atraente que trabalha esse incansável pesquisador da “arquitetura ausente dos manuais”. A pergunta que nutre sua análise provém da perplexidade de notar significativas lacunas na constituição de uma linhagem hegemônica na arquitetura moderna brasileira, definida como monumental e localizada no principal eixo econômico do país. Fora disso, dificilmente se encontram projetos publicados nas páginas que sacramentaram a tradição da forma construída entre nós, na historiografia e na crítica.
Herbst vale-se de três ingredientes preciosos na composição do texto: a delícia do tema, sedutor por natureza, a inteligência de sua argumentação crítica e a perseverança no enfrentamento da vasta amplitude do conjunto das fontes. O autor se propõe a percorrer os 255 projetos apresentados nas cinco primeiras bienais, a fim de reconhecer ali uma arquitetura de alta qualidade, porém negligenciada pelos principais veículos de divulgação dessa particular modalidade da cultura.
O livro é composto por uma introdução, onde se apresenta o tema e suas bases conceituais, e quatro capítulos, trazendo um quadro da modernidade arquitetônica nas principais cidades brasileiras, um panorama de referências em que se