Brasil
Confesso que me senti como aquele obscuro vigário de periferia convidado a celebrar missa para o papa: prestigiado, mas inseguro. Só consegui rezar a missa porque a farofa de banana evocada por Aryon me encorajou, lembrando o que acontecera quando o vi pela primeira vez. Foi no final de 1983, em Manaus, por onde ele passava em missão de consultoria ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Eu era professor da Universidade Federal do Amazonas. Ele, o papa da linguística indígena, pontificava no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.
Minha amiga Berta Ribeiro, antropóloga, que o acompanhava, me telefonou:
- Aryon está aqui, leu Ameríndia e quer conversar contigo.
Ameríndia é uma revista de etnolinguística vinculada à Universidade de Paris VIII, que havia publicado artigo – Da ´fala boa´ ao português na Amazônia brasileira – onde analiso a trajetória histórica das línguas na região e discuto como e quando nós, amazonenses, começamos a falar português, bem como o que aconteceu com as línguas indígenas. O artigo atraiu a atenção muito mais dos linguistas e dos antropólogos do que dos historiadores.
Matrinxã ao forno
Marcamos um jantar no restaurante Panorama, na Baixa da Égua, no Educandos, que era modesto, mas tinha uma peixada supimpa e vista para o rio. Aryon – logo descobri – era um bom garfo, gostava de saborear peixes amazônicos. Ficou encantado com um inoubliable matrinxã, de carne firme e rosada,