Brasil, brasil
Primeiro devemos começar com a distinção que o autor faz entre brasil, escrito com letra minúscula e representado por uma espécie de madeira explorada quase até sua extinção pelos nossos amáveis colonizadores, e Brasil, escrito como se deve ser, que designa um povo como identidade com valores e hábitos singulares. O Brasil com b maiúsculo é muito mais complexo, dotado de fronteiras, cultura, povo, mistura de raças, comidas, idiomas, lar dos brasileiros e até de gente que não nasceu nessas terras, mas é também brasileiro. Enfim, é algo maior. É nação respeitada e conhecida internacionalmente. Mas será conhecida por nós mesmos, brasileiros que fazemos parte desse Brasil como um organismo vivo? A visão de uma sociedade, a nossa precisamente, na maioria das vezes é conhecida e descrita pelas vozes mais “cultas” que observam apenas as manifestações oficiais e nobres da sociedade. Esquecem-se, portanto, da voz e da visão do povo e sua experiência em viver a brasilidade típica nas ruas, nas casas, nos escritórios e nas fábricas, nos churrascos com futebol, no jeitinho simpático de se burlar a lei, nas comidas típicas e nos remédios naturais (chazinhos da vovó) depois da comilança, ou seja, deixam de prestar atenção no elemento primordial na formação de uma sociedade: o seu povo. Todos esses elementos relacionados, e muitos outros mais, formam algo que identificamos como “pátria”. Essa relação é importantíssima, visto que, o Brasil não divide, mistura tudo e todos. É essa qualidade, esse estilo miscigenado, a primeira característica de um “jeito” que é exclusivamente brasileiro. O autor nos ajuda a nos entender melhor como brasileiros pela simples comparação com outras sociedades e pela enumeração de atributos específicos de cada sociedade e de cada indivíduo. “Sei, então, que sou brasileiro e não norte-americano, porque gosto de comer feijoada e não hambúrguer; porque sou menos receptivo a coisas de