Brasil independente
Com a Independência do Brasil, pouca coisa mudou em relação a um uso mais racional do solo: pelo contrário, as elites locais, agora livres de uma intervenção de uma Coroa distante, se viram numa situação mais favorável à total exploração e aumento das riquezas pessoais. Surgem inúmeras propriedades de dimensões gigantescas, que acabavam refletindo um uso totalmente irracional dos recursos: a terra era visto como recurso descartável, sendo mais vantajoso exaurir uma determinada área para depois ir para áreas de fronteira que estavam sendo desmatadas, do que trabalhar a terra.[1] Esse modelo de produção refletia a mentalidade escravocrata da época: a exploração da terra até a exaustão era tão válida quanto a exploração de seres humanos como escravos. Era também, uma versão ampliada da agricultura itinerante, se baseando na queimada e derrubada e consequente mudança de local com a exaustão dos recursos. E mesmo após 1850, em que houve uma tentativa de se regularizar as propriedades e por conseguinte seu uso, o desmatamento prosseguiu: na realidade, a inabilidade e conivência na administração de terras públicas que a Coroa possuía também eram presentes no Brasil Império, resultando nos mesmos problemas anteriores de propriedade e exploração desenfreada.[1]Foi com ciclo do café que começou haver uma devastação significativa da Mata Atlântica: até então, embora de forma exploratória, os ciclos de cana-de-açúcar e do ouro, e extração de "curiosidades" da floresta, não foram tão destrutivos para a floresta como um todo, visto que acabavam ficando restritos, muitas vezes, a áreas de floresta secundária e campos degradados.[1][12] Entretanto, somada à cultura de uso descartável do solo e desperdício no cultivo em si, o café parecia exigir o plantio em solos de floresta primária, o que acabou expandido o desmatamento para muitas áreas florestadas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo.[1] No estado de São Paulo, é notável uma