Arte e verdade nem sempre andam juntas. Ao contrario dos experimentos científicos, que procuram eliminar as contradições,a arte convive em perfeita harmonia com elas. Mário Quintana : “Um poeta que num a se contradiz deve estar mentindo”. Arte não é só verdade, conceito de verdade hoje é tão amplo que chega a abranger o próprio erro: na arte, a verdade não se reduz a exatidão. A arte, como o teatro de Shakespeare, proporciona um profundo prazer, um êxtase, mesmo que descrevam fatos jamais ocorridos “de verdade“. Um cientista experimenta prazer ao descobrir ou inventar alguma coisa e considera belo um enunciado cientifico. A arte teria a função de nos revelar a outra face do mundo, não apenas a beleza, mas também o horror, a revolta. Aquela parte que escapa a nosso olhar habitual. Então, a arte também traz a verdade, mas outra ordem da verdade. A arte de hoje recusa qualquer preceito de beleza, é aquilo que o artista acrescenta a qualquer regra estabelecida. Les demoiselles d’avignon de Picasso, é um exemplo de obra que rompe com o conceito tradicional de arte, inaugurado o cubismo. Antes de ser bela, exige-se que a arte seja criação, é essa sua verdade. As pinturas cubistas surrealistas ou expressionistas não se enquadrariam propriamente naquilo que chamamos beleza. No entanto, é uma obra bastante criativa, que nos fala do nazismo e tem qualidade estética: isso a torna arte. A mexicana Frida Kahlo se aproxima do surrealistas, fazendo uma pintura fantástica na qual deixa fluir um automatismo plástico que privilegia o jogo da imaginação.