Brasiguaios
Desde meus cinco anos de idade, luto contra um adversário invencível, incansável e manipulador, mesmo assim não consigo rejeitar o responsável por satisfazer minha volúpia. Graças a ele tive que procurar um especialista para tratar as sequelas de nossas infinitas batalhas. Hoje com quarenta e cinco anos de idade ainda sofro com as recaídas provocadas pelo meu vício, entretanto, posso me orgulhar em dizer que consigo conviver normalmente mesmo com todas as dificuldades. Porém, o fato irônico, ou no mínimo curioso nesta história toda, é que mesmo com todo meu histórico de dependência, me tornei revendedor desta substância viciosa.
Posso afirmar categoricamente que o vicio em que estou me referindo não têm a mínima relação com drogas lícitas ou ilícitas, na verdade sou um dependente de chocolate assumido, um legítimo viciado em cacau e dono da mais nova docearia da cidade.
Mesmo não sendo bacharel em advocacia e desconhecendo qualquer lei que proibida a ingestão de doces, fiquei inconformado ao ser multado e perder sete pontos na carteira enquanto transitava na avenida Rebouças, em São Paulo.
O bafômetro acusou um índice de álcool no sangue superior ao permitido, o curioso é que meu único vício é com bombons, ou seja, nunca em minha vida ingeri sequer uma gota de bebida alcoólica. Então, mesmo sendo inocente, tive o mesmo tratamento e mesma sentença ao se cotejar com um irresponsável alcoólatra.
Apesar do acontecido, aprendi a lição que mesmo um vício bobo como idolatrar bombons de licor, pode nos causar uma dor de cabeça, contudo eu confesso que ainda supervisionarei o quartel do tráfico de doces e continuarei sendo um dependente do cacau.
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