BRAQUISTÓCRONA
Tanto a História da Ciência quanto a prática científica revelam que o desenvolvimento da ciência se dá por meio de modelos explicativos que buscam representar os fenômenos naturais. Os modelos científicos são elaborados de forma inferencial a partir de extensas observações e do estado da arte do conhecimento numa determinada época (HESSE, 1966). Além disso, concepções acerca da natureza da realidade também influenciam a maneira como os cientistas “veem” determinados fenômenos. Na História da astronomia, a sucessão dos modelos astronômicos desde Eudoxo (400? -347?), Apolônio (262? -190?) e Hiparco (190? -120?), passando por Ptolomeu (100? -170?) e Copérnico (1473-1543) indica que a construção de um modelo não é fruto somente da observação direta, mas envolve também concepções de mundo e de natureza. Para os Gregos antigos, que concebiam a Terra como estacionária no centro do universo, os planetas deveriam se movimentar de acordo com o movimento circular uniforme, tal como as estrelas fixas. Desta forma, eles “enxergavam” o movimento retrogrado dos planetas como anômalo.
Em seu The Copernican Revolution, Thomas S. Kuhn opina que o Sistema Copernicano só é melhor que o Sistema Ptolemaico em seus aspectos qualitativos; nos aspectos quantitativos, aquele sistema precisa do complicado aparato de epiciclos e deferentes, usado no Sistema Ptolemaico. Portanto, continua o argumento, poucas razões existiam, se alguma, para que se escolhessem entre as duas teorias, que competiam entre si.
O movimento retrógrado e a variação do tempo requerido para percorrer o [círculo] eclíptico eram as duas grandes irregularidades planetárias, que, na Antiguidade, levaram os astrônomos a empregar epiciclos e deferentes ao tratar o problema dos planetas. O sistema de Copérnico explica essas mesmas grandes irregularidades e o faz sem fazer uso de epiciclos ou, pelo menos, grandes epiciclos. Copérnico pode dar uma explicação qualitativa dos movimentos