Boniteza de um sonho
A imposição dessa moratória já seria razão suficiente para que a adolescência assim criada e mantida fosse uma espécie da vida no mínimo inquieta. Afinal não seria estranho que moças e rapazes reservassem alguma surpresa desagradável uma vez impedidos de se realizar como seus corpos permitiriam não reconhecidos como pares e adultos pela comunidade, logo quando passam a se julgar enfim competitivos é presumível que passariam por um período de contestação aguda começariam a pescar com dinamite e tocar teclado eletrônico em vez de berimbau inventariam e tentariam impor eventualmente a força de obter reconhecimento totalmente inédito para tribo. Essas são apenas sugestões benignas Pois além de instruir os jovens nos valores essenciais que eles deveriam perseguir para agradar a comunidade a modernidade também promove atualmente um ideal de independência, instigar os jovens a se tornarem indivíduos independentes é uma peça-chave da educação moderna em nossa cultura. Apesar da maturação dos corpos a autonomia reverenciada, idealizada por todos como valor supremo é reprimida deixada para mais tarde.
Desde já vale mencionar que a desculpa normalmente produzida para justificar a moratória da adolescência é problemática pretende-se apesar da maturação do corpo ao dito adolescente faltaria maturidade. Não é difícil verificar que em épocas as quais essa moratória não era imposta aos jovens de quinze anos já levavam exércitos a batalha comandavam navios ou simplesmente tocavam negócios com competência. O adolescente não pode evitar perceber contradição entre o ideal de autonomia e contradição de sua competência, imposta pela moratória.
A ADOLESCÊNCIA IDEALIZADA
Tal contradição torna-se ainda mais enigmática para o adolescente na medida em que essa cultura parece idealizar a adolescência como se fosse um tempo particularmente feliz. O adolescente poderia facilmente concluir essa idealização da época em que ele esta atravessando é uma