Boniteza de um sonho
Moacir Gadotti*
A beleza existe em todo lugar. Depende do nosso olhar, da nossa sensibilidade; depende da nossa consciência, do nosso trabalho e do nosso cuidado. A beleza existe porque o ser humano é capaz de sonhar.
Inspirei-me em Paulo Freire para escrever esse livro. Paulo Freire nos fala em sua Pedagogia da Autonomia da "boniteza de ser gente", da boniteza de ser professor. Coloquei um título que fala de sonho e de sentido que querem dizer a mesma coisa. "Sentido" quer dizer caminho não percorrido mas que se deseja percorrer, portanto, significa projeto, sonho, utopia. Aprender e ensinar com sentido é aprender e ensinar com um sonho na mente. A pedagogia serve de guia para realizar esse sonho.
Paulo Freire, em 1980, logo após voltar de 16 anos de exílio, reuniu-se com um grande número de professores em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. Falou-lhes de esperança, de "sonho possível", temendo por aqueles e aquelas que "pararem com a sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de denunciar e de anunciar", aqueles e aquelas que, "em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e com o agora, que em lugar desta viagem constante ao amanhã, se atrelem a um passado de exploração e de rotina".
Dezessete anos depois, em 1997, em seu último livro, lançado duas semanas antes de falecer, ele se mantinha fiel à mesma linha de pensamento, reafirmando o sonho e a utopia diante da "malvadez neoliberal", diante do "cinismo de sua ideologia fatalista e a sua recusa inflexível ao sonho e à utopia". Denúncia de um lado, anúncio de outro: a sua "pedagogia da autonomia" frente à pedagogia neoliberal.
Lembrando os cinco anos da morte de Freire, nesse pequeno livro, quero retomar o que ele disse e entender o seu significado no contexto de hoje. Paulo Freire nos falava da "boniteza" do sonho de ser professor de tantos jovens desse planeta. Se o sonho