Boletim SENAC
SENAC NACIONAL - BOLETIM TECNICO DO SENAC
Educação e Desenvolvimento:
Análise Crítica de uma Relação
Quase Sempre Fantasiosa
Pedro Demo*
Pedro Demo. Educação e desenvolvimento: análise crítica de uma relação quase sempre fantasiosa.
Abordamos três dimensões importantes da educação conjugada com cidadania, ou como estratégia central do combate à pobreza política: educação ligada ao desenvolvimento, tendo como fulcro central o conceito de oportunidade; educação ligada à aprendizagem, de teor reconstrutivo e promotora de um sujeito capaz de história própria; e educação no contexto da teleducação, em vertentes novas que combatem o instrucionismo. Todas confluem para a competência humana de cariz político.
* Pedro Demo é professor titular da Universidade de Brasília, Departamento de Serviço Social.
Assume-se, geralmente, que educação é parceira do conhecimento, e sendo este a fonte principal da inovação, estaria diretamente envolvida nas mudanças da sociedade e da economia, como quer, por exemplo, a assim dita "qualidade total". Sendo desenvolvimento o reflexo direto da capacidade de mudar, educação desempenharia para tanto um papel central, dependendo de sua definição obviamente, e, neste caso, valendo como investimento fundamental. Ademais, a informática, como filha predileta do conhecimento, teria também ligação estreita com educação, razão pela qual se depositam nela as melhores esperanças de aprendizagem futura.1
Em cursos de pedagogia fala-se, o dia todo, de "transformação social", seja como reação às teses da reprodução, seja como eco das expectativas de Gramsci. Não está longe disso também a proposta da transformação produtiva com eqüidade, tendo educação e conhecimento como seu eixo, na CEPAL. Ao mesmo tempo, existe hoje reação muito interessante contra o "instrucionismo" em educação, inclusive dentro de ambientes ligados à inteligência artificial, como é o caso mais notório de Papert, Searle, Sfez,2 e hoje de