boemia
No século XV, passou a significar também 'cigano' ou membro de tribos nômades supostamente originárias da Boêmia.
Já no século XVII, com Tallemant des Réaux, bohème passa a designar também o indivíduo "que leva uma vida desregrada", num estilo de vida caracterizado pela despreocupação com relação a bens materiais, a grandes projetos, às normas. Era para descrever uma vida à margem da sociedade e cultivar uma nova forma de liberdade de pensamento, e uma preocupação de usar nomeadamente roupas excêntricas.
O termo passa, por empréstimo, do francês ao português, na acepção do século XVII: 'vagabundo, indivíduo de vida desregrada' ou não convencional, eventualmente ligado às artes ou à literatura, ou mero aventureiro que vivia de forma despreocupada.2 2
Nesse sentido, mais tarde, no século XIX surge um movimento artístico e literário, constituído à margem do movimento romântico, mais "aristocrático" e fora do uso da sua época.
Será Balzac, que em 1844, ao escrever Um Príncipe da Boémia, faz rasgados elogios a tal juvenil comportamento: «A palavra Boémia diz tudo. Ela não tem nada e vive de tudo. A esperança é a sua religião, a fé em si mesma é o código, a caridade o seu orçamento. Todos esses jovens são maiores do que o seu infortúnio, abaixo da sorte, mas acima do destino».
Segundo Jerrold Seigel, trata-se de um fenômeno social e literário que teve lugar em diversos pontos do planeta e em diferentes épocas. O autor considera a boêmia como uma manifestação de jovens burgueses3 que, no século XIX e sobretudo nas décadas de 1830 e 1840 na França, buscavam um estilo de vida especial e que se tornou popular principalmente a partir dos escritos de Henri Murger,4 autor de Scènes de la vie de bohème. O romance foi escrito a partir das