Bocage
Nº: 9
Turma: B
15 De Outubro de 1765, nasce em Setúbal o poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage. Ele é o quarto dos seis filhos do advogado José Luís Soares Barbosa e de Maria Joaquina Lestof du Bocage.
Desde cedo Bocage entra em contacto com as letras. Aos oito anos escreve e lê com certa desenvoltura e logo surgem as primeiras composições, que superam os dotes artísticos do pai, que também versejava.
"Das faixas infantis despido apenas,
Sentia o socro fogo arder na mente;
Meu terno coração inda inocente
Iam ganhando as plácida Camenas."
Depois da morte da mãe, quando o poeta tinha apenas dez anos, Bocage é mandado estudar com D. João de Medina, com quem aprende Latim, língua essa que lhe seria muito útil nas posteriores actividade como tradutor. Bocage aprende ainda francês com o pai e italiano sendo, nessa língua, segundo alguns biógrafos, autodidacta.
Por volta de 1781 Bocage foge de casa e assenta praça, como soldado, no regimento de Setúbal. Dois anos depois ingressa no corpo da Marinha Real e vai para Lisboa onde entra em contacto com a boémia e a vida intelectual desse lugar. O Bocage dessa época é um poeta atraído pelos clássicos gregos e também pelos clássicos da sua terra, como por exemplo: Camões, que era, como o próprio nos mostra no fragmento do soneto abaixo, o seu modelo.
"Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa no fez perdendo o Tejo
Arrostar co sacrílego gigante:
Modelo meu tu és... Mas, oh tristeza!...
Se te imito nos transes da ventura,
Não te imito nos dons da Natureza."
Os versos de Bocage, nessa fase, estão presos aos valores literários da época. Eles são correctíssimos, ou seja, perfeitos na rima e na métrica, porém, são pouco originais e nada espontâneos. O próprio Bocage criticou, anos mais tarde, a a sua falta de criatividade, como pode ser observado no fragmento do soneto