Bocage
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!A vida do autor dos Sonetos, assim como a de Camões, é marcada pelo espírito aventureiro, incluindo a experiência militar e viagens por todo o mundo. Bocage foi também boêmio e libertino; o que mais se ressalta em sua poesia é o veio satírico e sarcástico, sobretudo a partir do retomo à Lisboa em 1790, quando toma maior contato com as idéias liberais propostas pela Revolução Francesa (1789); além disso, é quando adere à Nova Arcádia, assumindo o nome poético de Elmano Sadino.Esse espírito atrevido, que procura a tudo satirizar, sobretudo o autoritarismo da Igreja e do Governo monárquico, acaba por levá-Io à prisão em um mosteiro para ser educado segundo a ideologia totalitária, que tanto combatia:Sanhudo, inexorável Despotismo,
Monstro que em pranto, em sangue a fúria cevas,
Que em mil quadros horríficos te enlevas,
Obra da Iniqüidade, e do Ateísmo:Liberto da prisão, continua a escrever; porém, percebe-se em sua poesia um certo desalento com relação à vida, que muito o aproxima do Romantismo do século XIX:Já Bocage não sou... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra duraAssim, o poeta tanto segue o Arcadismo programático, com uma poesia bucólica com recorrências à mitologia greco-romana e presença constante do racionalismo de um século marcado pela filosofia iluminista:Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo, a sorrir-se! Olha, não sentes.
Os Zéfiros brincar por entre as flores? como também adota uma perspectiva pré-romântica,