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O Saber Popular nas Aulas de Química:
Relato de Experiência Envolvendo a Produção do Vinho de Laranja e sua Interpretação no Ensino Médio
Daniela Regina Resende, Ronaldo Antonio de Castro e Paulo César Pinheiro
Relata-se uma experiência envolvendo o estudo de uma manifestação do saber popular – a produção do vinho de laranja, e sua inserção em uma sala de aula de química de nível médio. Descreve-se o processo, conforme tradicionalmente realizado por uma família, e as atividades desenvolvidas na escola. Ao final, é feita uma análise da experiência, considerando o modo de inserção do saber popular em sala de aula, a participação dos alunos e suas respostas à prática pedagógica adotada, a questão da linguagem e outras. saber popular, vinho de laranja, ensino de química
Recebido em 08/06/09, aceito em 12/03/10
T
rês artigos tratando da inserção de saberes populares nos currículos de química da educação básica foram publicados em Química
Nova na Escola até o presente (Chassot, 2008a; Gondim e Mol, 2009; Silva e cols., 2000). A proposta de inserir tais saberes em sala de aula tem sido preconizada e amplamente disseminada por Chassot (1990; 1994; 2001;
2007; 2008b). A literatura internacional também tem estimulado interações com saberes populares, locais, tradicionais, nativos e indígenas nas aulas de ciências (Baker e Taylor,
1995; Barros e Ramos, 1994; Cobern e Loving, 2001; Francisco, 2004; George, 1988; 1992; George e Glasgow,
1989; Jegede, 1995; Maddock, 1981;
Ogawa, 1995; Pomeroy, 1994; Snively, 1990; Snively e Corsiglia, 2001), destacando-se uma experiência pioneira realizada em Uganda, na África
(Haden, 1973), na qual alunos de ensino médio investigaram saberes tradicionais associados à produção de ferro metálico a partir de seus mi-
nérios com a cooperação de anciãos da tribo Okebu.
Algumas publicações mencionadas anteriormente têm levantado questões polêmicas como, por exemplo, considerar