Poetisa e ficcionista, nascida em 1919, natural do Porto, frequentou o curso de Filologia Clássica na Universidade de Lisboa. O seu nome encontra-se ligado ao projecto Cadernos de Poesia, tendo colaborado ainda, ao lado de nomes como o de Jorge de Sena, David Mourão-Ferreira, Ruy Cinatti, António Ramos Rosa, entre outros, entre a década de 40 e 50, em várias publicações, como Távola Redonda e Árvore, que marcaram, na história da literatura contemporânea, a busca de uma terceira via, a do objecto literário em si enquanto projecto intrinsecamente humanista, num panorama literário dividido, até meados do século, entre o princípio social e o princípio estético do objecto artístico. Autora também de traduções, a sua obra recebeu os mais reconhecidos prémios literários, dos quais se destacam, por exemplo, o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores, em 1994, o Prémio Camões e o Prémio Pessoa, ambos em 1999, e o Prémio Rainha Sofia da Poesia Ibero-Americana, em Junho de 2003. Desde a publicação de Poesia, em 1944, Sophia afirma-se no panorama da literatura nacional com uma concepção de poesia que, sem deixar de dar continuidade a uma tradição lírica que passa por autores como Camões ou Teixeira de Pascoaes, recupera valores da cultura clássica, funde-os com um humanismo cristão, para contrapor um tempo absoluto a um "tempo dividido", numa aspiração à comunhão do homem com uma natureza de efeito lustral, produzindo uma impressão global de atemporalidade e de inexauribilidade da escrita. O privilégio da essencialidade, da unidade, implica ainda a consciência de que a literatura só cumpre a sua função social e de desalienação do homem quando repudia uma cultura de separação e persegue a "inteireza", "o verdadeiro estar do homem na terra", quando "estabelece a relação inteira do homem consigo próprio, com os outros, e com a vida, com o mundo e com as coisas" (cf.