Biografia Joan Miró
Joan Miró nasceu a 20 de Abril de 1893 em Barcelona, casou em Maiorca num dia 12 de Outubro com Pilar Juncosa, teve uma filha que nasceu em Junho de 1931 e se chamou Dolores, e morreu em Palma de Maiorca no dia de Natal de 1983. E é tudo. Ao contrário de quase todos os outros artistas que com ele construíram não apenas o dadaísmo e o surrealismo, mas toda uma forma diferente de observar o planeta - uma coisa inédita e integral como o mundo nunca antes vira (talvez com a exceção alucinada de Hieronymus Bosch) - Miró morreu sem deixar uma mitologia. Deixou apenas a sua obra, surrealista, mas profundamente trabalhada, aprimorada e rigorosa - muito distante da desordem alucinógena, alcoólica, amorosa e outras com que os seus contemporâneos enchiam numa raiva telas, páginas em branco, películas de filmar e outros objetos indiferenciados, entre os quais lixo industrial.
Joan Miró era antes de tudo um catalão sem ser um catalão. "Jamais voltarei a Barcelona! Paris e o campo até que morra. Não sei por que razão todos os que perdem o contato com o cérebro do mundo adormecem e se mumificam. Na Catalunha nenhum pintor conseguiu alcançar a sua evolução completa...! Têm de se converter em catalães universais!", escreveu ao seu amigo e pintor E. C. Ricart (cujo retrato, de 1917, é uma das suas obras mais conhecidas), antes de regressar repetidas vezes. Mas esse regresso - tal como o de Dali, também catalão sem verdadeiramente o ser (pelo menos até decidir perdoar ao governante Francisco Franco) - não importava nada: Miró e os surrealistas desconstruíram e reconstruíram Paris de uma ponta à outra antes de irem à procura dos outros mundos, mais dóceis, mais endinheirados e sedentos da mitologia da capital de França. Introvertido e simples, Miró correu com os seus companheiros todos os recantos da arte, sem, contudo se confundir com a cosmologia iconoclasta dos outros. Em certo sentido, acabou por construir um universo pessoal que o distingue logo ao