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A extrema diversidade das sociedades humanas raramente apareceu aos homens como um fato, e sim como uma aberração exigindo uma justificação.
O Renascimento, os séculos XVII e XVIII falavam de naturais ou de selvagens (isto é, seres da floresta), pondo assim a animalidade à humanidade.
A atitude que consiste em expulsar da cultura, isto é, para a natureza todos aqueles que não participam da faixa de humanidade à qual pertencemos e com a qual nos identificamos, é, como lembra Lévi-Straus, a mais comum a toda a humanidade, e em especial, a mais característica dos “selvagens”.
Assim não acreditando em Deus, não tendo alma, não tendo acesso à linguagem, sendo assustadoramente feio e alimentando-se como um animal, o selvagem é apreendido nos modos de um bestiário. E esse discurso sobre alteridade, que recorre constantemente a metáfora zoológica, abre o grande leque das ausências: sem moral, sem religião, sem lei, sem escrita, sem Estado, sem consciência, sem razão, sem objetivo, sem arte, sem passado, sem futuro. Cornelius de Pauw acrescentará até, no século XVIII: “sem barba”, “sem sobrancelhas”, sem “pelos”, sem espírito sem ardor para sua fêmea”.
A figura de uma natureza má na qual vegeta um selvagem embrutecido é eminentemente suscetível de