Batata
RELAÇÕES ENTRE CANDOMBLÉ E PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
INTRODUÇÃO
Apesar de altamente difundido pelo Brasil inteiro, o Candomblé continua sendo uma crença dentre as que mais sofre preconceito. Além disso, apesar da grande quantidade de estudos acerca do assunto, muitos teóricos continuam com receio de citá-la, talvez temendo uma visão negativa, talvez por pura falta de conhecimento do universo riquíssimo de cultura e de história, cheio de possíveis abordagens nas mais variadas áreas. Os estudos em meio ao Candomblé fogem do âmbito da religião e passam por ciências sociais, psicologia, antropologia, filosofia e permeiam tantos outros espaços de estudo, sendo um universo a espera dos mais curiosos e, diria até, corajosos. Após o choque inicial com uma cultura tão distinta, se torna mais fácil aceitar o jeito simpático e hospitaleiro da grande maioria dos adeptos da crença, que não medem esforços em conversar e mostrar as coisas das quais eles tanto tem orgulho. Como convidados, foi possível aos elaboradores desse trabalho fazer entrevistas, visitar os terreiros e ouvir as mais variadas lendas, enquanto a pesquisa era aprofundada. Certamente a experiência além de bastante válida, quebrou alguns preconceitos piamente formados, montando assim psicólogos um pouco mais acessíveis independentemente da crença alheia e bem mais simpáticos.
A LENDA
No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos. Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras. Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas. O céu imaculado do Orixá fora conspurcado. O branco imaculado de Obatalá se perdera. Oxalá foi reclamar a Olorum.
Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o