Barões e fazendas de café
O comendador Joaquim José de Souza Breves, conhecido como o “rei do café” no Brasil Imperial, foi, sem dúvida, o maior proprietário de escravos e terras do século XIX, chegando a ter mais de seis mil cativos. Nascido em fevereiro de 1804 na Fazenda Mangalarga, em Piraí, RJ, era filho do capitão-mor José de Souza Breves, e acumulou fortuna somando a compra de fazendas à herança dos pais e ao casamento com sua sobrinha Maria Isabel de Moraes Breves, filha dos barões do Piraí. No seu inventário, aberto em 1891, constavam mais de 100 propriedades: 72 fazendas, imóveis nas cidades e na capital, ilhas e embarcações. Se tivesse falecido antes da Lei Áurea e se computássemos o valor da escravaria, sua fortuna chegaria a somas extraordinárias, mesmo para os padrões atuais de riqueza.
Breves não acreditava na Abolição. Continuou comprando escravos após a proibição do tráfico negreiro, em 1850, e mesmo depois do 13 de maio tirou o velho relho (chicote) da parede e deu uma surra numa escrava chamada Basília, que tinha “emburrado” e não queria voltar ao trabalho. O contínuo tráfico de escravos, destinados às suas muitas fazendas, rendeu-lhe inclusive um processo: o chamado “caso Bracuí”, que movimentou a Corte e envolveu outro grande cafeicultor, Manoel de Aguiar Vallim, de Bananal, São Paulo. Em janeiro de 1852, fora confirmado o desembarque ilegal de africanos em Bracuí, Angra dos Reis, RJ, em terras pertencentes aos Breves, mais precisamente na Fazenda Santa Rita, de propriedade do irmão de Joaquim Breves. Aberto um inquérito, Breves e Vallim foram levados a júri em Angra dos Reis. E inocentados.
Além de potentado do café, Breves foi testemunha ocular da História. Aos 18 anos, ele acompanhava o príncipe D. Pedro na jornada do Ipiranga, tendo o privilégio de assistir à cena do grito da Independência. Foi o último sobrevivente do episódio, que rememorava entusiasmado na velhice, dizendo que a indisposição