Bandido luz vermelha (fim)
Datilografado em preto e branco bem escuro, na parte superior do papel timbrado com a sigla OAB, lia-se: “João Acácio Pereira da Costa, vulgo Bandido da Luz Vermelha”. Os laudos dos peritos foram confrontados e os pedido, indeferido.
Na São Paulo dos anos 1960, enquanto o manicômio massacrava seus habitantes, João Acácio transformava-se num ladrão sofisticado. Competia em fama com o lendário criminoso italiano Gino Meneghetti, outro especialista em entrar nas casas paulistanas para furtar jóias. O apelido Luz Vermelha lhe fora dado porque portava sempre uma lanterna em suas operações criminoso-inspiração do americano Caryl Chessman, executado na cadeira elétrica em 1960, que matava suas vitimas carregando na mão uma lanterna de luz vermelha. Os locais dos crimes de João Acácio – homicídios, roubos e furtos- foram percorridos pela polícia. Ele usava um inovador macaco hidráulico para arrebentar as grades de proteção das janelas. Vestido com um smoking fazia-se de bêbado enquanto abria a porta com uma de suas chaves falsas, sem chamar a atenção de quem estava na rua.
Teve apenas uma passagem pela polícia, e assim mesmo com o nome falso de Roberto Silva. Depois de recolhidas pacientemente fragmentos de impressões digitais, a foto de Roberto – na verdade João Acácio- foi espalhada pelo Brasil inteiro. Em 1967 prenderam-no, sentado numa cadeira de barbearia em Curitiba. Jovem e arrogante tinha cabelos compridos e um enorme topete. Fascinou muitas mulheres. Mesmo algumas a quem estuprou se declararam atraídas por ele. Chegou escoltado ao antigo Departamento de Investigações (DI), certo que viveria maus bocados. Foi espancado, para que revelasse quem era o receptador das jóias, mais mencionou apenas a existência de um certo