Baianos Malandros
A SACRALIZAÇÃO DO HUMANO NO PANTEÃO
UMBANDISTA DO SÉCULO XX
Mario Teixeira de Sá Júnior∗
RESUMO: Este artigo procura examinar a relação entre os novos personagens surgidos no panteão umbandista ⎯ baianos e malandros ⎯ com as transformações pelas quais passou a sociedade brasileira ao longo das décadas de 1930 a 1960 e, em especial, percebendo as especificidades dessas transformações nas cidades de
Dourados (MS) e Rio de Janeiro (RJ).
ABSTRACT: This article seeks to examine the relation between the new characters born in umbanda ⎯ the baianos and the malandros ⎯ and the changes through which the Brazilian society went through between the 1930’s and the 1960’s, and specially, pointing the specificities of these transformations in the cities of Dourados
(MS) and Rio de Janeiro (RJ).
PALAVRAS-CHAVE: História, Religião, Umbanda.
KEY WORDS: History, Religion, Umbanda.
INTRODUÇÃO
Os estudos sobre a religiosidade afro-brasileira1 vêm sendo desenvolvidos, predominantemente, ao longo de quase um século, por especialistas da área de antropologia. As incursões de historiadores sobre essa temática é nova. Esse interesse tornou-se possível devido às transformações pelas quais passou a historiografia a partir da década de 1980. A crise dos paradigmas tradicionais, dentre eles o marxista, proporcionou um desenvolvimento de novas teorias, metodologias e métodos com o advento da Nova História.
Para este artigo interessa destacar a aproximação entre as ciências sociais, o que tornou possível a utilização de conceitos e instrumentos de pesquisa, antes reservados isoladamente à cada disciplina.
Esse compartilhar, iniciado com os Annales na década de 1920, permitiu o alargamento dos objetos a serem pesquisados pelos historiadores. Um dos resultados mais profícuos dessas aproximações foi o surgimento da etnoistória que vem permitindo um diálogo entre disciplinas como a história, a arqueologia e a antropologia. Utilizada aqui como um método, ela nos proporciona a