Avaliação
Numa manhã de nevoeiro o rapaz sentou-se na praia a pensar na Menina do Mar.
E enquanto assim estava viu uma gaivota que vinha do mar alto com uma coisa no bico. (…) A gaivota chegou junto dele, deu uma volta no ar e deixou cair a coisa na areia.
O rapaz apanhou-a e viu que era um frasco cheio duma água muito clara e luminosa.
- Bom dia, bom dia – disse a gaivota.
- Bom dia, bom dia – respondeu rapaz. – De onde é que vem e porque é que me dá este frasco?
- Venho da parte da Menina do Mar – disse a gaivota. – Ela mandou-me dizer-lhe que já sabe o que é a saudade. E pediu-me para lhe perguntar se quer ir encontrá-la ao fundo do mar.
- Quero, quero – disse o rapaz. – Mas como é que eu irei ao fundo do mar sem me afogar?
- O frasco que lhe dei tem dentro suco de anémonas e suco de plantas mágicas. Se beber agora este filtro passará a ser como a Menina do Mar. Poderá viver dentro de água como os peixes e fora de água como os homens.
- Vou beber já – disse o rapaz.
E bebeu o filtro.
Então viu tudo à sua roda tornar-se mais vivo e brilhante. Sentiu-se alegre, feliz, contente como um peixe. (…)
- Ali no mar – disse a gaivota – um golfinho está a sua espera para lhe ensinar o caminho.
Então disse:
- Adeus, adeus, gaivota. Obrigado, obrigado.
E correu para as ondas e nadou até ao golfinho.
- Agarra-te à minha cauda – disse o golfinho.
E foram os dois pelo mar fora.
Nadaram muitos dias e muitas noites através de calmarias e tempestades.
Atravessaram o mar dos Sargaços e viram os peixes voadores. E viram as grandes baleias que atiram repuxos de água para o céu e viram os grandes vapores que deixam atrás de si colunas de fumo suspensas no ar. E viram os icebergues majestosos e brancos na solidão do oceano. E nadaram ao lado dos veleiros que corriam velozes esticados no vento. E os marinheiros gritavam de espanto quando viam um rapaz agarrado à cauda dum golfinho. Mas eles mergulhavam e desciam ao fundo do mar para não serem