Avaliação educacional em larga escala
FERNANDA DA ROSA BECKER
Pesquisadora do INEP, Ministério da Educação, Brasil
1.
Introdução
Ao longo da década de 90, iniciou-se um ciclo de processos de reformas baseado na ideia de que era necessário modificar o desenho organizacional e institucional dos sistemas educacionais. Um dos argumentos que sustentava esta ideia era o baixo nível de responsabilidade por resultados com que operavam as administrações tradicionais (TEDESCO, 2003).
A responsabilização na educação foi apenas mais uma face do movimento mais amplo na gestão pública. A responsabilização passa a ser entendida como um valor que deve guiar os governos democráticos uma vez que é uma forma de rendição de contas a sociedade.
Um dos primeiros modelos de accountability- responsabilização- na educação a serem desenvolvidos foi o modelo inglês criado em 1988 por meio do Education Reform Act. Houve a centralização do currículo, criação de sistemas de avaliação e aos poucos as escolas passaram a ter mais liberdade para gerir os recursos recebidos. A ideia central era fortalecer a aprendizagem sem desrespeitar a função exercida pelo professor ao mesmo tempo em que se criava um modelo de avaliação para atender à demanda por responsabilização (EARL, 1999).
Deste modo, muitos governos passaram a se preocupar em coletar e divulgar estatísticas que retratassem o funcionamento do sistema educacional como um todo, mas não realizavam uma avaliação do produto final da educação, isto é, o que tinha sido realmente aprendido pelos alunos.
Atualmente este enfoque está mudando e alguns países já realizam avaliações nacionais. Esta mudança começou após análises que indicavam que as crianças aprendiam pouco ao se considerar o tempo que passavam na escola. Outra razão para a mudança de foco das avaliações é o fato de muitos governos, caso brasileiro, depararem-se com o desafio de expandir o sistema ao mesmo tempo em que expandem a