Autonomia
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Comentários do leitor
1. Mas então a complexidade se apresenta com os traços inquietantes do emaranhado, do inextricável, da desordem, da ambigüidade, da incerteza... Por isso o conhecimento necessita ordenar os fenômenos rechaçando a desordem, afastar o incerto, isto é, selecionar os elementos da ordem e da certeza, precisar, clarificar, distinguir, hierarquizar... Mas tais operações, necessárias à inteligibilidade, correm o risco de provocar a cegueira, se elas eliminam os outros aspectos do complexus; e efetivamente, como eu o indiquei, elas nos deixaram cegos. (p. 13, § 1º)
Morin mostra aqui necessidade do pensamento complexo. A simplificação foi por muitos séculos perseguida obstinadamente, pois acreditava-se que era o único meio de conhecimento real. Mas esta mesma simplificação exacerbada acabou por conduzir-nos à inteligência cega.
2. Assim, no paradigma de disjunção/redução/unidimensionalização, seria preciso substituir um paradigma de distinção/conjunção, que permite distinguir sem disjungir, de associar sem identificar ou reduzir. (p. 14, § 4º)
O pensamento complexo seleciona os dados de maneira distinta do pensamento simplificador. Ao invés de separar, hierarquizar e centralizar o conhecimento por princípios “supralógicos”, mutilando informações, o pensamento complexo procura abarcar informações, mesmo que dissonantes, em um todo cooperativo que comportaria incertezas. O pensamento linear e hierarquizado seria assim substituído por um pensamento circular e cooperativo.
3. O cosmos não é uma máquina perfeita, mas um processo em vias de desintegração e de organização ao mesmo tempo. (p. 14, § 1º)
Não somente o cosmo, mas também o conhecimento humano é um processo em vias de construção. Não existe conhecimento absoluto. Temos hoje muita informação sobre o mundo, mas tal conhecimento é provisório e incerto.