Aula-analise

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A inocência do homem moderno limita-o a enxergar o poder como algo único – como se fosse um só – e objeto exclusivamente político. Ao ser visto como objeto ideológico infere-se que ele está presente em todos os mecanismos de intercâmbio social, ou seja, nos momentos em que há troca de informação entre indivíduos. O escritor, na hora de criar a sua obra, acredita que está livre da ideologia, que ele irá criar as suas próprias regras. Ele acredita ser o mestre e não o escravo da língua. Mas como a ideologia está presente no seu dia a dia, tornando-se algo comum, que passa despercebido nos olhos do homem. Isso torna o escritor um escravo, sem ele mesmo perceber, pois se submete as exigências, normas, classes gramaticais da língua. O discurso então nunca se verá livre do poder, pois é perpétuo no tempo, se consolidando durante toda a história. Dessa forma, compreende-se poder como linguagem ou, mais precisamente, como língua.
A língua, por ser uma classificação, se torna altamente opressiva, de modo que nos sujeita as suas regras e causa alienação. Ela está sempre a serviço de um poder, sendo por um lado assertiva, já que nos dá o poder da constatação e da indagação, e também gregária da repetição, tendo em vista que é formada por signos que só passam a fazer sentido quando são reconhecidos – que só acontece quando os mesmos são repetidos e agregados a um repertório. A literatura é vista pelos os escritores um modo de representação do real. Mas isso não passa apenas de uma utopia. A literatura, que usa a linguagem para montar a sua estrutura, está presa a ideologias e opressões. Ela está presa aos padrões pré-determinados pelo mestre. A literatura é mais uma tentativa frustrada de quebrar com o estereotipo da língua. O único modo de tentar quebrar com essa pressão é se afastando da linguagem, algo que ninguém conseguiu fazer. Ao dizer que “sou ao mesmo tempo mestre e escravo da língua”, quero dizer que, ao mesmo tempo em que a opero, também estou submisso a

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