Aula 8 A
Meio Século de História Automóvel em Portugal
Catarina Selada
José Rui Felizardo
“Nada Perdura, senão a Mudança”
Heráclito, Filósofo Grego
INTRODUÇÃO
O presente ensaio pretende apresentar uma visão para a evolução histórica da indústria automóvel em Portugal nos últimos cinquenta anos, com ênfase no sector de componentes. A análise desta indústria é particularmente relevante no panorama actual da economia portuguesa, onde a mesma apresenta uma importância significativa quer em termos quantitativos quer em termos qualitativos. De facto, a indústria automóvel detém actualmente um peso de 7% no PIB, de
25% no total das exportações nacionais, de 4% no emprego e de 18% no investimento directo estrangeiro da indústria transformadora.
Além do mais, é uma indústria que atravessa horizontalmente diversos sectores de actividade – desde o têxtil à metalomecânica - lidando com uma multiplicidade de tecnologias, competências e processos organizacionais com vista à produção de componentes, módulos e sistemas numa lógica de produto complexo, global e integrado. Face a estas características de multisectorialidade e natureza pluritecnológica, a indústria automóvel induz efeitos multiplicadores na globalidade do tecido empresarial, assim como o desenvolvimento de cadeias de elevado valor acrescentado. A importância destes efeitos é acrescida uma vez que se trata de um sector de média-alta intensidade tecnológica (de acordo com classificação da
OCDE – Hatzichronoglou, 1997), indutor de novas dinâmicas de produtividade e competitividade. Neste sentido, o sector induz a gestão de bases de conhecimento – competências, tecnologias, metodologias – diversificadas e distribuídas no seio de uma rede global e complexa de valor integrada por OEMs (Original Equipment
Manufacturers), fornecedores, clientes e infra-estruturas de suporte.
O artigo começa, assim, por apresentar uma proposta de periodização da história automóvel em Portugal em três fases distintas, onde são