Atua O Da Sociedade Civil Com Egressos Presidiarios
LÍGIA MORI MADEIRA1
1 INTRODUÇÃO
O tema desse artigo é a ressocialização de egressos do sistema penitenciário, inserida em uma seara de estudos sobre criminalidade e violência desenvolvidos pela Sociologia e suas áreas afins.
Grande parte dos estudos que vêm sendo desenvolvidos tratam da criminalidade a partir da perspectiva institucional, fazendo análises de prisões, manicômios judiciários, instituições de adolescentes infratores. Há, ainda, muitos estudos2 que buscam compreender se existe um processo de ressocialização dentro da prisão. Esses trabalhos buscam investigar a temática do trabalho prisional, verificando que, mais do que conseqüências positivas aos presos depois de sair da prisão, esse trabalho tende a trazer-lhes vantagens durante o cumprimento da pena, pela distinção que faz entre “criminosos natos” e “presos trabalhadores”. A contribuição do trabalho prisional dá-se na esfera simbólica, pois consegue estabelecer pólos distintos entre presos trabalhadores e presos comuns, entre trabalhadores e
“vagabundos”, perpetuando as categorias trazidas de fora, das classes populares. Outra
1
Socióloga/ UFRGS/ Brasil, Bacharel em Direito pela PUCRS/ Brasil; Mestre e Doutoranda em
Sociologia pela UFRGS; Profa. da Faculdade de Direito da PUCRS.
2
HASSEN, Maria de Nazareth Agra. O trabalho e os dias: ensaio antropológico sobre trabalho, crime e prisão. Porto Alegre: Tomo Editorial, 1999.
RAMALHO, José Ricardo. O mundo do crime: a ordem pelo avesso, 3. ed. São Paulo: IBCCRIM,
2002.
SALLA, Fernando Afonso. Sobre o trabalho nas prisões. Revista do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, Brasília, v. 1, n. 5, p. 23 – 40, jan. / jun. 1995.
constatação dos autores é quanto ao trabalho prisional não garantir a ressocialização, por ser muito diferente do trabalho fora da prisão; assim, os ofícios aprendidos na prisão, na maioria dos casos, não terão mercado de trabalho