Aspectos linguisticos
Rosana Passos (UFMG) rpassos@ufmg.br INTRODUÇÃO
O sistema auditivo humano possibilita o monitoramento dos eventos ambientais – inclusive os que representam perigo – e também possibilita o monitoramento dos sons relacionados ao processamento acústico da fala. Os seres humanos são capazes de processar, discriminar e interpretar acusticamente sons que ocorrem ao mesmo tempo. A audição humana é, portanto, uma função complexa, que contribui para a troca de informação, para a aquisição de linguagem e para o desenvolvimento psicológico. A perda ou diminuição da audição limita o indivíduo quanto à comunicação, às experiências sociais, comportamentais, emocionais, lingüísticas e pedagógicas. A audição é crucial para os propósitos comunicativos e de informação da espécie humana.
Como explicam Northern e Downs (2005), as conseqüências da perda auditiva dependem tanto da gravidade da perda, como da idade do indivíduo à época em que foi diagnosticada a surdez. Alguns fatores influenciam o desenvolvimento da linguagem, como por exemplo, o treinamento do resíduo auditivo, da articulação da fala precocemente e leitura labial. Favorece o processo de desenvolvimento lingüístico o tipo de prótese auditiva adquirida e o apoio cultural e familiar dado ao surdo. Por outro lado, esse desenvolvimento é dificultado pela existência de fatores visuais, emocionais e intelectuais associados à surdez.
Marschark (2001) explica que é rara a exposição do surdo apenas à língua oral ou apenas à língua de sinais, mesmo que essa seja a intenção dos pais ou professores. Na prática, mesmo que a língua oral seja a predominante no ambiente, muitas crianças surdas são expostas a algum tipo de comunicação sinalizada ou gestual, ainda que espontaneamente. Crianças surdas educadas em ambientes de língua oral podem desenvolver sistemas e comunicação gestual. Por outro lado, pais e filhos surdos com algum resíduo auditivo, segundo o autor, também podem