As trajetórias social e escolar de jovens herdeiros
INTRODUÇÃO
No campo da educação brasileira, poucas são as produções científicas a respeito dos processos e modos de escolarização das elites. A respeito da escolarização das elites, Medeiros (2004:20) observa que:
(...) Embora não haja evidencias de que a diferenciação dos níveis de renda dos estratos rico e não-rico possa ser atribuída a desigualdades educacionais, essa hipótese não pode ser definitivamente afastada, uma vez que é perfeitamente possível que a educação dos ricos seja distinta em termos de qualidade. (...) É provável que outros atributos não produtivos dos ricos, como suas redes de relacionamento pessoal, capital cultural etc., sejam elementos que os favoreçam. Para ser discutido com segurança, porém tal assunto requer estudos futuros que utilizem maior nível de informações.
Este estudo caminha exatamente na direção proposta por Medeiros (2004), procurando compreender como jovens herdeiros constroem e consolidam suas posições sociais para assim continuarem exercendo lugares privilegiados dentro da sociedade. O universo de pesquisa envolveu um grupo de dez alunos, de ambos os sexos, com idades entre 15 e 17 anos de idade, que se encontravam matriculados no Ensino Médio do Colégio Terras e filhos de empresários de diferentes setores. As entrevistas realizadas foram efetivadas na própria residência dos alunos. Esse acontecer foi importante para percebermos os signos que envolvem a vida cotidiana dos jovens em questão e verificar a maneira como vivem e exprimem sua posição na estrutura social, através das múltiplas manifestações de regras de etiquetas sociais distintivas (capital simbólico), assim como as qualificações intelectuais transmitidas pelas famílias (capital cultural).
BOURDIEU COMO REFERENCIAL TEÓRICO
No que diz respeito à classe social, categoria importante para o desenvolvimento do presente trabalho, Bourdieu