As territorialidades da Igreja Católica no Ceará
Raimundo Elmo de Paula Vasconcelos Júnior1
O que me levou a buscar, reunir e aproximar as temáticas sobre território, religião e educação no Ceará foi, de um lado, a necessidade de constituirmos um acervo cada vez mais plural sobre a educação no Estado e, de outro, analisar, numa perspectiva espacial, as ações da Igreja, enquanto agente que se apropria, organiza, produz e reproduz espaço, notadamente no âmbito instrucional.
Esta análise da ação instrucional da Igreja está ancorada em uma ampla temporalidade que vai da Promulgação da Constituição de 1891 até o ano de 1971 quando foram criadas as três últimas dioceses, a de Quixadá, Tianguá e Itapipoca. Neste período houve a quebra do Regime do Padroado2 que teve como conseqüência a profunda reestruturação institucional da Igreja Católica, agora vinculada estreitamente aos desígnios da Cúria Romana e ao episcopado brasileiro, processo este denominado de romanização.3
Também no mesmo período foram sedimentadas as bases estruturais de uma
Igreja preocupada com o tipo de catolicismo cultuado no país e, é claro, enquanto instituição, com a sua sustentabilidade financeira. Esta realidade gerou uma política de investimentos da Santa Sé e do episcopado brasileiro na estruturação de uma rede de escolas católicas e seminários no território nacional. É verdade que estes empreendimentos já aconteciam no país, especialmente no Reinado de Dom Pedro II, onde congregações européias, que se estabeleciam no território nacional, atuavam no campo educacional
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Professor da UECE, Mestre em Geografia pela UECE e Doutor em Educação pela UFC.
O padroado foi, durante o colonialismo, o consenso mais visível da relação entre o poder temporal e o eclesiástico para a formação de um projeto colonizador da monarquia portuguesa e o projeto missionário da
Igreja Católica no Novo Mundo. Por conta do Padroado cabia ao Rei de Portugal recolher os