As teorias geopolíticas e os fenômenos atuais
Geopolítico e ex-conselheiro de segurança nacional do governo estadunidense do ex-Presidente Jimmy Carter, Zbigniew Brzezinsky afirma que, pela primeira vez na história, um Estado “não-eurasiano” apresenta-se como poder proeminente na Ásia. A repentina ascensão dos Estados Unidos da América (EUA) como única potência mundial produziu uma situação em que, segundo Samuel P. Huntington apud in Zbigniew Brzezinski, o sistema internacional seria mais violento e desorganizado se a presença estadunidense fosse rapidamente suplantada pela de um outro Estado eventualmente mais poderoso.
A Eurásia abriga 75% da população mundial e a maioria das recursos naturais disponíveis no mundo, bem como 60% do PIB mundial e ¾ de todos os recursos energéticos do planeta. Atrás apenas dos EUA, as seis maiores economias do mundo e os seis maiores orçamentos militares encontram-se neste super continente.
Em função do conteúdo descrito no parágrafo acima, a Eurásia é considerada por Brzezinski como o grande “tabuleiro de xadrez” do mundo, onde a primazia mundial continua a ser “jogada” por alguns “jogadores”, em diferentes níveis de poder.
Para analisar as ligações políticas complexas, Brzezinski dividiu-a em quatro regiões: Oeste, Leste, Centro e Sul.
A porção Oeste constitui uma “península periférica” onde localizam-se alguns Estados com grande poder, densamente povoados, organizados em espaços reduzidos. No Oeste (Europa), a presença da hegemonia estadunidense é maciça.
Na porção Leste (“periferia Leste”) repousa um “jogador” independente (China), cujo poder cresce rapidamente com a força de trabalho de uma enorme população. Nesta mesma porção, próximo à faixa litorânea chinesa, encontra-se o conjunto de ilhas japonesas (Japão) e metade da península coreana (Coréia do Sul), dois Estados de elevadíssimo desenvolvimento econômico e científico, que, apesar de grande poder, possuem relevância limitada no sistema internacional eurasiático.