As Rádios e o Regime Militar
Na década de 60, as maiores interferências políticas na programação das rádios se deram durante o período da ditadura militar. Antes de ir ao ar, os sripts deveriam ser levados ao censor dos militares. Se na programação estivessem escaladas músicas de cunho ideológico, como as de Chico Buarque, ou de conteúdo pornográfico, essas músicas eram retiradas da programação e a Rádio recebia uma advertência. Caso incorresse no erro, era punida. Mas, segundo Carlos Cidon, isto quase não acontecia, porque as rádios obedeciam os censores por medo.
As rádios veiculavam livremente notícias sobre cassação de mandatos, de pessoas e prisões, mas qualquer notícia que fosse considerada desfavorável aos militares, não. Havia na imprensa paraense um silêncio sobre isso. Os noticiários quase não veiculavam notícias sobre a Guerrilha do Araguaia, uma das mais expressivas reações armadas contra o regime militar, que foi organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B), no sul do Pará.
Com todas as rádios do país e os demais meios de comunicação sob censura, as rádios paraenses mantinham-se informadas sobre a guerrilha, que se passava em território paraense, através da Rádio Tirana, da Albânia¹. Mas, noticiar sobre a guerrilha, poucos se atreviam. Os militares censuravam toda informação que pudesse passar a idéia de que os guerrilheiros estavam bem organizados e armados. Como os guerrilheiros assaltavam bancos para comprar armas, a imprensa não podia noticiar assaltos a bancos. Depois, as notícias sobre assaltos a bancos foram liberadas, mas com uma condição: que não fosse divulgada a quantidade de dinheiro roubada². Os poucos repórteres do rádio que se atreveram a ir contra as ordens militares foram presos. Entre eles, Joaquim Antunes e Paulo Ronaldo. Joaquim Antunes foi preso por ter denunciado, durante o seu programaBanco de Praça, na Rádio Difusora, que haviam dado aumento salarial para os militares e não para os civis. Ele entrou novamente em