As representações da emancipação feminina nas familias atuais
O presente trabalho objetiva analisar a nova inserção da mulher na família e as mudanças de arranjos domiciliares em curso, entre meados das décadas de 1990 e 2010. Arranjos menos tradicionais vêm elevando a representação, à medida que o tradicional modelo de família composta por casal com filhos, sob chefia masculina, vem perdendo espaço. Observou-se crescimento do número de famílias sem filhos, de famílias com filhos, mas sem a presença do cônjuge, e mesmo a opção de viver só.
Outra alteração está associada ao aumento de mulheres que se declaram chefes de família, principalmente no caso do arranjo mais tradicional, casal com filhos, indicando mudança também no comportamento social e nos papéis da família, onde, tradicionalmente, o homem se identifica como chefe. Estas transformações refletem-se na composição da renda familiar, com aumento da participação da renda feminina, dos jovens e dos demais membros.
As alterações na composição da família e da renda resultam das várias transformações econômicas e sociais e, quase sempre, estão intimamente associadas ao novo papel da mulher na sociedade. Nos últimos 20 anos, assiste-se o maior engajamento feminino na força de trabalho. O maior acesso feminino à escola e, principalmente, ensino superior, a decisão de ter menos filhos, auxiliado pelo avanço nos métodos contraceptivos, explicam em parte estes novos arranjos.
No primeiro capítulo trataremos da resistência consciente ou não de se escrever uma história das mulheres. Michelle Perrot (2007) ao escrever a história das mulheres apresenta algumas considerações sobre como se desenvolver tal tarefa. Uma delas refere-se ao fato de se romper o silêncio em torno das mulheres.
Escrever a história das mulheres é sair do silêncio em que elas estavam confinadas. Mas porque esse silêncio? Ou antes: será que as mulheres tem uma história?
Todavia, percorrer a história desse silêncio pressupõem transpor a barreira estabelecia pela invisibilidade das mulheres, ou