AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLOGICO
O autor procurou, com este livro, traçar a primeira metodologia unificada para o recém-fundado campo de investigação científico-sociológico. Seu primeiro passo então seria reconhecer que uma pretensa ciência da sociedade deveria ir além dos preconceitos tradicionais, da opinião do senso comum, “pois o objeto de toda ciência é fazer descobertas e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões aceitas”. Do desenvolvimento desta ideia surge uma das primeiras normas e percepções de seu método: o sociólogo não deve se deixar intimidar pelo resultado de sua pesquisa se ela for metodicamente conduzida, tendo sempre em mente que as “maneiras de pensar mais costumeiras são antes contrárias do que favoráveis ao estudo científico dos fenômenos sociais”. Ele prevê casos até onde “o caráter normal de uma coisa e os sentimentos de aversão que ela inspira podem inclusive ser solidários”.
Durkheim tem consciência e assume que este método é conservador, na medida em que “considera os fatos sociais como coisas cuja natureza (...) não é modificável à vontade”, e com isso rebate possíveis críticas de pensadores mais exaltados, que buscam “transformar o mundo” com revoluções. Nas suas palavras: “Bem mais perigosa é a doutrina que vê neles apenas o produto de combinações mentais, que um simples artifício dialético pode (...) subverter de cima a baixo!”.
Esclarece ainda seu objetivo, que é estender o racionalismo científico à conduta humana – para ele, possível de ser reduzida a relações de causa e efeito – e que “uma operação não menos racional pode transformar a seguir em regras de atuação no futuro”. Essas informações anteriores fazem-se presentes no prefácio da primeira edição. Na segunda edição, após encarar a resistência dos leitores, o autor usa o prefácio para defender-se e rebater certas críticas que oportunamente citarei quando tratarmos de características do fato social.
O autor novamente,