AS POLITICAS SOCIAIS E O NEOLIBERALISMO - Reflexões suscitadas pelas experiências latino-americana
Sônia M. Draibe
- Em primeiro lugar: estão os motivos de ordem propriamente teórica: o neoliberalismo não constitui efetivamente um corpo teórico próprio, original e coerente.
- Em segundo lugar, o reconhecimento torna-se difícil porque as próprias proposições neoliberais vêm-se modificando no tempo, principalmente no que diz respeito as responsabilidades públicas e estatais em questões como educação, combate à pobreza ,ou crescimento sustentado, desenvolvimento de novas tecnologias, ampliação da competitividade das economias nacionais, etc.
- Em terceiro lugar o que talvez constitua a mais forte das razões, é que muitas das proposições atribuídas ao neoliberalismo não são, efetivamente, monopólio daquela tendência, nem mesmo das fontes originais em que parece nutrir-se.
- O neoliberalismo confirma tendências profundas de modificações da sociedade, apreendidas a seu modo pelos setores politicamente colocados à direita do espectropolítico, mas obviamente também reconhecidos pelos que, a esquerda, identificam e advogam transformações sociais e políticas
- As "teorizações" que manejam hoje assim ditos neoliberais são geralmente emprestadas do pensamento liberal ou de conservadores e quase que se reduzem afirmação genérica da liberdade e da primazia do mercado sobre o Estado, do individual sobre o coletivo. E, derivamente, do Estado mínimo, entendido como aquele que não intervém no livre jogo dos agentes econômicos.
- O neoliberalismo era antes um discurso e um conjunto de regras prática de ação (ou de recomendações) particularmente referidas a governos e a reformas do Estado e das suas políticas.
- De fato suas proposições são sobretudo práticas e enraizadas em algumas afirmações de valores que passaram a retratá-lo. Desde logo, está a referência a ideias e não a interesses afirmando recusar a tese liberal da política pluralista ou conduzida pelo jogo dos interesses,