Resenha: o continente do labor
RESENHA ANTUNES, Ricardo. O Continente do Labor. São Paulo, SP: Boitempo, 2011, 1 ed., 175p.
Responsável pela Resenha: Simone Vieira de Melo Shimamoto1
Universidade Federal de Uberlândia
O livro O Continente do Labor, do sociólogo Ricardo Antunes, não nasceu de um projeto de pesquisa ligado ao mundo do trabalho atual, mas teve suas origens nos debates e produções ocorridos na América Latina, trazendo em si um traço coletivo, por conter em seu tecido, muitas mãos. Mãos de alunos e professores que participam de grupos de pesquisa e partilham as inquietudes do pensar e debater o mundo do trabalho. Por que o continente do labor? Porque a América Latina (quase um “ilustre desconhecido”) traz em si a singularidade da colonização em forma de exploração, sofrimento e escravidão. Um trabalho que passa da produção artesanal ao trabalho escravo e, deste, ao assalariado. Dialeticamente, o continente da opressão e da rebelião; da exploração e da revolução. Na primeira parte do livro, “O trabalho na América Latina”, de maneira contextualizada, Antunes analisa o continente do labor contemplando o modo de vida dos sujeitos; as lutas sociais; o socialismo no século XXI; e as reflexões de autores que, a exemplo de Florestan Fernandes, leram Marx e conseguiram inseri-lo no contexto latino americano. No exercício de contextualização, o autor explora a história do trabalho nos países componentes da América Latina, continente nascido sob a égide do trabalho. Destaca, inicialmente, a diferença basilar entre a colonização inglesa na América do Norte, com a criação de colônias de povoamento, e a ibérica na América Latina, caracterizada pelas colônias de exploração, com fins à acumulação primitiva do capital para atender aos países centrais. No processo de constituição da classe trabalhadora latino-americana, marcado desde sempre pela imensa exploração da força de trabalho, a sociedade viveu o rápido salto do